sexta-feira, 18 de maio de 2012

Meio Marisa, Meio Almodóvar

Às vezes o que sou não cabe em mim. Aí, me transbordo ou me paraliso. Quando falamos em metamorfose, fala-se em trocar de pele, pois a pele em que habito já não me comporta. Mudo os cabelos, mudo as roupas, mudo a cor das unhas, me maquio, mas a verdade é que nua diante de mim mesma sempre estou. Não há uma forma só que me contorne, às vezes não há bordo para aquilo que expande. Vem o medo de que forma nova irei me tornar, serei capaz de abandonar o que fui? Vestirei-me de mim mesma para então me decifrar, pois o grande mistério que sou transforma o meu infinito particular em um difícil labirinto. Ao amar, o outro recebe o convite para se perder em mim, e assim seguir ao meu lado, me encontrando na delicadeza daquilo que materializa o indefinido, no toque suave que me faz transbordar das lágrimas para o prazer sublime do deleite do seu corpo dando bordo ao meu...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

MIndfulness

sábado, 9 de janeiro de 2010

Indian Soul


There’s an Indian in myself
There’s a power that comes from nature
There’s freedom that explode from a body
A free body that needs to run, ride, hide, and hunt
There’s a wild who needs to meet the wild
Where, when and how?
Hunt soul hunt my soul, run on a horse through the spirit of the wind
Blow, blow the whisper of God
To make my freedom come and save me,
Save my wild from the quiet woman who insists to settle down
Come, come the bird, fire the soul, cry the soul and make confort to the wild to be free
Moicans, Sioux, Navajos

Priscila Lima

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O significado da Crise

Todo o individuo, grupo, empresa ou sociedade vive em um constante processo de evolução. Instintivamente somos impelidos a seguir a natureza humana que nos diz: sobreviva, cresça e perpetue. Mas em geral, esquecemos que para haver a perpetuação, ou seja, a manutenção, é necessário o aprimoramento, e como seres adaptáveis que somos, muitas vezes nos acomodamos e precisamos de um “empurrãozinho” da vida para nos chamar de volta ao crescimento, ao “caminho de individuação” - surge a crise.
Podemos encontrar diversos significados e definições para a palavra crise, como por exemplo: “Manifestação violenta, repentina e breve de um sentimento, entusiasmo ou afeto; acesso: crise de gargalhadas; crise de arrependimento. / Fig. Momento perigoso ou difícil de uma evolução ou de um processo; período de desordem acompanhado de busca penosa de uma solução”.
A crise muitas vezes se apresenta como uma vivência agressiva, desorganizadora, violenta. Podemos olhar a violência como um “violar”, um invadir, um romper, mas por um propósito maior: o de revelar. Revelar algo que até então não prestávamos atenção, que não podíamos ver, ou não queríamos saber.
A crise nos faz ”sair de nós mesmos”, para nos vermos, nos enxergarmos “de fora”. Um tanto contraditório pode parecer, mas só podemos ver quando estamos direcionando o olhar para aquilo que queremos ver. Isso é a bela simplicidade da vida.
Vivemos em uma atitude adaptativa, automatizados, alienados de nós mesmos, em uma sociedade onde se é prisioneiro de um ciclo de consumo, dívida e trabalho.
Qual o significado do consumo na vida das pessoas? Preencher, preencher, preencher... o que mesmo?
E a dívida, a que “senhor” serve? Seria nos prender nesse ciclo?
O trabalho então se fixa a, unicamente, pagar suas dívidas e lhe manter no seu “tão desejado padrão”. E qual o sentido maior do trabalho? Qual a sua obra de vida? O que você está deixando para o mundo?
A grande reviravolta acontece quando somos forçados a “rever” o que fica “revelado”. A olhar novamente para o que achávamos conhecer e controlar.
Entramos em estado de alerta – “soam alarmes”. Começamos a lutar contra a situação que nos tirou de nossa “doce e estéril acomodação”, e que nem sabíamos estar.
A crise externa revela a crise interna. Ficamos desorientados, ás vezes reativos, ás vezes apáticos, desanimados (sem Anima – sem Alma).
Porém, é nesse momento que está o grande potencial de mudança!
Na medida em que podemos rever, que buscamos significado, sentido, e fazemos isso trilhando um caminho “sentido”, sentindo o que a vida nos diz, podemos encontrar um novo, e mais verdadeiro sentido de vida.
Uma nova forma de pensar, de fazer, de ser no mundo. Seja em casa, na empresa ou em sociedade.
No processo de autoconhecimento, de autoconsciência, mudamos a forma de lidar com a vida, podemos nos desenvolver (des - envolver), nos soltar, nos libertar de padrões fixados, rígidos, cristalizados, que na maioria das vezes nos adoece, pois a vida é fluida, ela se faz a cada instante.
Ressignificando a crise, podemos transcender o problema – essa é a “chave”.
Em momentos de crise, e eles inevitavelmente acontecerão, tire o “s”, do “Eu Sei”, e fique com o “crie”. Use a energia criativa, inerente de cada pessoa, e crie, encontre novas formas de pensar, de sentir, de fazer. Encontre um novo Ser no antigo ser.
Como disse Carl Jung : “ Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda”. Precisamos olhar para fora, pois estamos no mundo, e olhar para dentro, pois somos mais do que seres do mundo.

Melissa Coutinho

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sombra

Sombrio
Sombreado
Sublime
Supõe um saber
Suposto escuro
Um lado do ser
Onde sucumbe muitas vezes o ser
Ao pensar que não pode,
que não tem,
que não sabe,
que não é
O que se pensa ser
Que só se faz no óbvio
No sujeito claro
Pura superfície
Pois o ser sempre superpõe camadas
Supremacia complexa
Síntese abstrata
Simplesmente a integração

Melissa Coutinho

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do Professor


Experienciar o lugar de professor é algo que passa pelo desafio, percorre a trilha do improviso associado ao planejamento e caminha entre o amor pelo conhecimento e pela troca.
Existe algo ainda de mais especial e particular em ensinar qualquer coisa relacionada à Psicologia. Trata-se de ensinar seres-humanos sobre as suas próprias trajetórias de desenvolvimento, sobre suas heterogêneas formas de estar no mundo, sobre suas possibilidades diversas de existência, sobre os seus potenciais, sobre como se relacionar, acolher, cuidar, olhar para os seus iguais e poder encontrá-los como iguais mesmo na diferença, principalmente reconhecendo a única universalidade que nos une e a qual não podemos questionar: ser humano. Grande desafio.
O encontro entre seres humanos acontece em um espaço: sala de aula. E em um tempo: 3, 5 horas. Tempo este que se mistura com muitos outros tempos: tempo acadêmico (carga horária, semestre, presença X faltas...); tempo social (sexta-feira, feriados, greve de ônibus, festa no pátio, São João, Copa do Mundo...); tempo existencial (novo emprego, cursos, palestras, problemas de saúde, sono, crise, filho pra cuidar, viagem, amor pra viver, vida...). É ensinar e aprender a ser flexível, saber dosar. Saber misturar organização e planejamento, sem perder a habilidade de entrar na dança de possibilidades que pode surgir no aqui-e-agora do encontro entre professor e aquele grupo específico de alunos, com pessoas únicas, onde se configura uma relação singular que transforma ou deveria transformar ambas as partes. Improviso.
Experimentar avaliar e ter que justificar e explicar os seus critérios. Responsabilidade ética de criticar na intenção de promover aprendizagem. Reconhecer falhas, exigir o possível, que possa promover crescimento, desafio, mas que não coloque o outro no lugar de impotente. Se reconhecer neste outro, falas, palavras, discursos repetidos, transformados, construídos e reconstruídos. Troca.
Trabalho árduo semanal, aula após aula, power point, transparências, filmes, músicas, poesias, livros, artigos, textos, textos, textos e mais textos...Sustentar o emaranhado de dúvidas na busca de certezas, construção do saber. Escolher o que saber para saber o que fazer, competências, habilidades a se desenvolver. Aprender.
Sentir-se confortável no lugar de quem sabe, sem se perder na fantasia do poder. Investir tempo, dinheiro e energia em conhecimento. Apaixonar-se pela Ciência sem deixar-se endurecer pelas suas rígidas regras que muitas vezes não condizem com o fluxo dinâmico da existência. Aceitar as diferenças e tentar integrar a diversidade inerente à produção de conhecimento. Encontrar prazer no que faz e amar o que pode promover, aceitando as instabilidades e imperfeições do caminho. Ensinar a aprender, crescer. Ser professor.
(Priscila Lima)

sábado, 10 de outubro de 2009

Pele

Troca de pele
Pele antiga
Desprende
Em escamas de unha
Brancas
Duras
Soltas
Velhas
Se soltou
Aos montes
Caem facilmente
Essa pele já está seca
Está morta
E por baixo
Um nova aparece
Já existe
Pronta
Limpa
Macia
E viva


Melissa Coutinho

Aridez

Solo árido
Terra seca
Rachada
Veias de nada
Espaço vazio
Eu
Onde antes era oásis
Hoje é

Marrom avermelhado
Que se mistura
Com o vento
Que se desfaz
Na sensação
De necessidade
Que é igual
Em cada canto
Que só
Ranhuras
Cicatrizes na terra
Velhice da pele
Similaridade na alma


Melissa Coutinho