domingo, 13 de setembro de 2009

Máscara

Baile de máscaras
Com qual você vai desfilar?
Com qual você vai passar?
Cada uma
Para um lugar
Mas
Espere lá...
Não se pode negar?
Vai ter que usar
Dói
Gruda
É difícil tirar
Cuidado...
Destrói
Você pode se machucar
Acho que é possível
Ter mais de uma
A depender de quem se relacionar
A escolha pode ser feita
Perfeita
Sem dúvida
Única saída
Repertórios diferentes
Próximos ou distantes
Da fôrma original
Adéquam
Protegem
Elegem
A depender de quem
Você pode usar
Nunca é demais ressaltar

Mas tudo bem
A vida ensina
Que só o rosto verdadeiro
Pode brilhar
Que seja,
Por trás da mascara...
Quando um dia
Ela escapar

Melissa Coutinho

sábado, 5 de setembro de 2009

Somos seres humanos, ou somos árvores?

Hoje em dia a crise de identidade chegou a um ponto, um tanto quanto delirante.
As pessoas não sabem quem são. Nem mesmo o que são.
O velho ditado ”pau que nasce torto nunca se endireita”, virou palavra de ordem, se tornou um “estilo de vida”.
Deixamos de ser Humanos, para sermos troncos tortos de árvores.
Talvez seja mais fácil, teoricamente, se sentir assim, um tronco fixado, imóvel e rígido, que a qualquer tentativa de mudança se parte e, morre. Um fim fatídico.
Dessa forma, não só se estabelece o determinismo, como a ameaça para quem tentar seguir outro caminho.
Situação perversa...
Mas como nós não somos troncos tortos de árvores, somos Seres Humanos nossa natureza é outra. Temos a possibilidade de nos trabalhar, somos moldáveis, temos uma natureza plástica. Afinal, a evolução pede mudanças, inevitavelmente é preciso que o velho dê espaço para ao novo. Ou então qual seria o sentido da vida? Sermos “paus tortos” eternamente?
E a jardinagem, onde fica?
E o trabalho maravilhoso dos jardineiros de cuidar e moldar as formas, qual o sentido. E o trabalho da própria natureza, da terra com seus nutrientes, da água, do sol, do vento...qual sua importância?
Somo seres que constitucionalmente temos nossa estrutura, nosso formato primeiro, o qual nos permitiu vivermos no mundo. Mas nesse processo de sobreviver, criamos relações, estabelecemos vínculos, e vamos percebendo que algumas coisa, dessa “fôrma” constitutiva, também pode nos prejudicar.
É nesse momento que podemos escolher: sermos árvore tortas a vida inteira, ou sermos humanos.
Se escolhermos sermos árvores tortas, então nos acomodamos, e arcamos com o preço, geralmente muito alto, que teremos que pagar: o sofrimento. A crise que insistirá em aparecer na tentativa de nos tirar desse “pseudo auto conhecimento” infértil: “Eu sou assim e pronto”.
Mas podemos escolher outro caminho.
O caminho do verdadeiro auto conhecimento, das descobertas, da consciência, de como você funciona no mundo, de como você se constituiu, do que isso resultou e ainda resulta por você ser dessa forma; e principalmente de se dar conta de que pode lidar com tudo isso, e pode escolher! Não se tornar outra pessoa, pois sempre seremos nós mesmos, e é isso o que torna cada um tão precioso, suas características únicas, mas de perceber o poder de transformar sua natureza. Como um pintor que estava pintando um quadro de paisagem, e lhe foi perguntado se ele estava pintando aquela natureza que estava vendo, e ele respondeu: “Não, estou pintando uma outra natureza!”. Nós somos assim, sempre podemos pintar “uma outra natureza” em nós mesmos! Pois somos Seres Humanos, e temos uma natureza Humana!
E para quem, ainda assim, insistir em ser tronco torto de árvore..., que pelo menos escolha ser um bambu, que pode até ser fixo, imóvel e rígido, mas consegue ser também flexível, e se dobrar ao vento, e voltar ao seu lugar, sem morrer.
Melissa Coutinho