terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O significado da Crise

Todo o individuo, grupo, empresa ou sociedade vive em um constante processo de evolução. Instintivamente somos impelidos a seguir a natureza humana que nos diz: sobreviva, cresça e perpetue. Mas em geral, esquecemos que para haver a perpetuação, ou seja, a manutenção, é necessário o aprimoramento, e como seres adaptáveis que somos, muitas vezes nos acomodamos e precisamos de um “empurrãozinho” da vida para nos chamar de volta ao crescimento, ao “caminho de individuação” - surge a crise.
Podemos encontrar diversos significados e definições para a palavra crise, como por exemplo: “Manifestação violenta, repentina e breve de um sentimento, entusiasmo ou afeto; acesso: crise de gargalhadas; crise de arrependimento. / Fig. Momento perigoso ou difícil de uma evolução ou de um processo; período de desordem acompanhado de busca penosa de uma solução”.
A crise muitas vezes se apresenta como uma vivência agressiva, desorganizadora, violenta. Podemos olhar a violência como um “violar”, um invadir, um romper, mas por um propósito maior: o de revelar. Revelar algo que até então não prestávamos atenção, que não podíamos ver, ou não queríamos saber.
A crise nos faz ”sair de nós mesmos”, para nos vermos, nos enxergarmos “de fora”. Um tanto contraditório pode parecer, mas só podemos ver quando estamos direcionando o olhar para aquilo que queremos ver. Isso é a bela simplicidade da vida.
Vivemos em uma atitude adaptativa, automatizados, alienados de nós mesmos, em uma sociedade onde se é prisioneiro de um ciclo de consumo, dívida e trabalho.
Qual o significado do consumo na vida das pessoas? Preencher, preencher, preencher... o que mesmo?
E a dívida, a que “senhor” serve? Seria nos prender nesse ciclo?
O trabalho então se fixa a, unicamente, pagar suas dívidas e lhe manter no seu “tão desejado padrão”. E qual o sentido maior do trabalho? Qual a sua obra de vida? O que você está deixando para o mundo?
A grande reviravolta acontece quando somos forçados a “rever” o que fica “revelado”. A olhar novamente para o que achávamos conhecer e controlar.
Entramos em estado de alerta – “soam alarmes”. Começamos a lutar contra a situação que nos tirou de nossa “doce e estéril acomodação”, e que nem sabíamos estar.
A crise externa revela a crise interna. Ficamos desorientados, ás vezes reativos, ás vezes apáticos, desanimados (sem Anima – sem Alma).
Porém, é nesse momento que está o grande potencial de mudança!
Na medida em que podemos rever, que buscamos significado, sentido, e fazemos isso trilhando um caminho “sentido”, sentindo o que a vida nos diz, podemos encontrar um novo, e mais verdadeiro sentido de vida.
Uma nova forma de pensar, de fazer, de ser no mundo. Seja em casa, na empresa ou em sociedade.
No processo de autoconhecimento, de autoconsciência, mudamos a forma de lidar com a vida, podemos nos desenvolver (des - envolver), nos soltar, nos libertar de padrões fixados, rígidos, cristalizados, que na maioria das vezes nos adoece, pois a vida é fluida, ela se faz a cada instante.
Ressignificando a crise, podemos transcender o problema – essa é a “chave”.
Em momentos de crise, e eles inevitavelmente acontecerão, tire o “s”, do “Eu Sei”, e fique com o “crie”. Use a energia criativa, inerente de cada pessoa, e crie, encontre novas formas de pensar, de sentir, de fazer. Encontre um novo Ser no antigo ser.
Como disse Carl Jung : “ Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda”. Precisamos olhar para fora, pois estamos no mundo, e olhar para dentro, pois somos mais do que seres do mundo.

Melissa Coutinho

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sombra

Sombrio
Sombreado
Sublime
Supõe um saber
Suposto escuro
Um lado do ser
Onde sucumbe muitas vezes o ser
Ao pensar que não pode,
que não tem,
que não sabe,
que não é
O que se pensa ser
Que só se faz no óbvio
No sujeito claro
Pura superfície
Pois o ser sempre superpõe camadas
Supremacia complexa
Síntese abstrata
Simplesmente a integração

Melissa Coutinho

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do Professor


Experienciar o lugar de professor é algo que passa pelo desafio, percorre a trilha do improviso associado ao planejamento e caminha entre o amor pelo conhecimento e pela troca.
Existe algo ainda de mais especial e particular em ensinar qualquer coisa relacionada à Psicologia. Trata-se de ensinar seres-humanos sobre as suas próprias trajetórias de desenvolvimento, sobre suas heterogêneas formas de estar no mundo, sobre suas possibilidades diversas de existência, sobre os seus potenciais, sobre como se relacionar, acolher, cuidar, olhar para os seus iguais e poder encontrá-los como iguais mesmo na diferença, principalmente reconhecendo a única universalidade que nos une e a qual não podemos questionar: ser humano. Grande desafio.
O encontro entre seres humanos acontece em um espaço: sala de aula. E em um tempo: 3, 5 horas. Tempo este que se mistura com muitos outros tempos: tempo acadêmico (carga horária, semestre, presença X faltas...); tempo social (sexta-feira, feriados, greve de ônibus, festa no pátio, São João, Copa do Mundo...); tempo existencial (novo emprego, cursos, palestras, problemas de saúde, sono, crise, filho pra cuidar, viagem, amor pra viver, vida...). É ensinar e aprender a ser flexível, saber dosar. Saber misturar organização e planejamento, sem perder a habilidade de entrar na dança de possibilidades que pode surgir no aqui-e-agora do encontro entre professor e aquele grupo específico de alunos, com pessoas únicas, onde se configura uma relação singular que transforma ou deveria transformar ambas as partes. Improviso.
Experimentar avaliar e ter que justificar e explicar os seus critérios. Responsabilidade ética de criticar na intenção de promover aprendizagem. Reconhecer falhas, exigir o possível, que possa promover crescimento, desafio, mas que não coloque o outro no lugar de impotente. Se reconhecer neste outro, falas, palavras, discursos repetidos, transformados, construídos e reconstruídos. Troca.
Trabalho árduo semanal, aula após aula, power point, transparências, filmes, músicas, poesias, livros, artigos, textos, textos, textos e mais textos...Sustentar o emaranhado de dúvidas na busca de certezas, construção do saber. Escolher o que saber para saber o que fazer, competências, habilidades a se desenvolver. Aprender.
Sentir-se confortável no lugar de quem sabe, sem se perder na fantasia do poder. Investir tempo, dinheiro e energia em conhecimento. Apaixonar-se pela Ciência sem deixar-se endurecer pelas suas rígidas regras que muitas vezes não condizem com o fluxo dinâmico da existência. Aceitar as diferenças e tentar integrar a diversidade inerente à produção de conhecimento. Encontrar prazer no que faz e amar o que pode promover, aceitando as instabilidades e imperfeições do caminho. Ensinar a aprender, crescer. Ser professor.
(Priscila Lima)

sábado, 10 de outubro de 2009

Pele

Troca de pele
Pele antiga
Desprende
Em escamas de unha
Brancas
Duras
Soltas
Velhas
Se soltou
Aos montes
Caem facilmente
Essa pele já está seca
Está morta
E por baixo
Um nova aparece
Já existe
Pronta
Limpa
Macia
E viva


Melissa Coutinho

Aridez

Solo árido
Terra seca
Rachada
Veias de nada
Espaço vazio
Eu
Onde antes era oásis
Hoje é

Marrom avermelhado
Que se mistura
Com o vento
Que se desfaz
Na sensação
De necessidade
Que é igual
Em cada canto
Que só
Ranhuras
Cicatrizes na terra
Velhice da pele
Similaridade na alma


Melissa Coutinho

domingo, 13 de setembro de 2009

Máscara

Baile de máscaras
Com qual você vai desfilar?
Com qual você vai passar?
Cada uma
Para um lugar
Mas
Espere lá...
Não se pode negar?
Vai ter que usar
Dói
Gruda
É difícil tirar
Cuidado...
Destrói
Você pode se machucar
Acho que é possível
Ter mais de uma
A depender de quem se relacionar
A escolha pode ser feita
Perfeita
Sem dúvida
Única saída
Repertórios diferentes
Próximos ou distantes
Da fôrma original
Adéquam
Protegem
Elegem
A depender de quem
Você pode usar
Nunca é demais ressaltar

Mas tudo bem
A vida ensina
Que só o rosto verdadeiro
Pode brilhar
Que seja,
Por trás da mascara...
Quando um dia
Ela escapar

Melissa Coutinho

sábado, 5 de setembro de 2009

Somos seres humanos, ou somos árvores?

Hoje em dia a crise de identidade chegou a um ponto, um tanto quanto delirante.
As pessoas não sabem quem são. Nem mesmo o que são.
O velho ditado ”pau que nasce torto nunca se endireita”, virou palavra de ordem, se tornou um “estilo de vida”.
Deixamos de ser Humanos, para sermos troncos tortos de árvores.
Talvez seja mais fácil, teoricamente, se sentir assim, um tronco fixado, imóvel e rígido, que a qualquer tentativa de mudança se parte e, morre. Um fim fatídico.
Dessa forma, não só se estabelece o determinismo, como a ameaça para quem tentar seguir outro caminho.
Situação perversa...
Mas como nós não somos troncos tortos de árvores, somos Seres Humanos nossa natureza é outra. Temos a possibilidade de nos trabalhar, somos moldáveis, temos uma natureza plástica. Afinal, a evolução pede mudanças, inevitavelmente é preciso que o velho dê espaço para ao novo. Ou então qual seria o sentido da vida? Sermos “paus tortos” eternamente?
E a jardinagem, onde fica?
E o trabalho maravilhoso dos jardineiros de cuidar e moldar as formas, qual o sentido. E o trabalho da própria natureza, da terra com seus nutrientes, da água, do sol, do vento...qual sua importância?
Somo seres que constitucionalmente temos nossa estrutura, nosso formato primeiro, o qual nos permitiu vivermos no mundo. Mas nesse processo de sobreviver, criamos relações, estabelecemos vínculos, e vamos percebendo que algumas coisa, dessa “fôrma” constitutiva, também pode nos prejudicar.
É nesse momento que podemos escolher: sermos árvore tortas a vida inteira, ou sermos humanos.
Se escolhermos sermos árvores tortas, então nos acomodamos, e arcamos com o preço, geralmente muito alto, que teremos que pagar: o sofrimento. A crise que insistirá em aparecer na tentativa de nos tirar desse “pseudo auto conhecimento” infértil: “Eu sou assim e pronto”.
Mas podemos escolher outro caminho.
O caminho do verdadeiro auto conhecimento, das descobertas, da consciência, de como você funciona no mundo, de como você se constituiu, do que isso resultou e ainda resulta por você ser dessa forma; e principalmente de se dar conta de que pode lidar com tudo isso, e pode escolher! Não se tornar outra pessoa, pois sempre seremos nós mesmos, e é isso o que torna cada um tão precioso, suas características únicas, mas de perceber o poder de transformar sua natureza. Como um pintor que estava pintando um quadro de paisagem, e lhe foi perguntado se ele estava pintando aquela natureza que estava vendo, e ele respondeu: “Não, estou pintando uma outra natureza!”. Nós somos assim, sempre podemos pintar “uma outra natureza” em nós mesmos! Pois somos Seres Humanos, e temos uma natureza Humana!
E para quem, ainda assim, insistir em ser tronco torto de árvore..., que pelo menos escolha ser um bambu, que pode até ser fixo, imóvel e rígido, mas consegue ser também flexível, e se dobrar ao vento, e voltar ao seu lugar, sem morrer.
Melissa Coutinho

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Para o dia do Psicólogo: um Médico. Eu protesto!

Acabei de chegar da comemoração do dia do Psicólogo em uma Faculdade de Psicologia. Eis que o mestre de cerimônia apresenta o palestrante convidado: um médico psiquiatra. Tema da palestra: a CLÍNICA com pacientes dependentes de substâncias psicoativas, não exatamente isto, mas algo semelhante. Que tipo de clínica o nobre palestrante pretendia descrever? Óbvio, que a clínica médica. No decorrer da descrição, por sinal, muito bem fundamentada, apareceram pequenas pontuações que sinalizavam a pessoa, suas relações e o contexto, mas que com certeza, foram FUNDO. A FIGURA era uma reflexão sobre as substâncias, seus efeitos, as questões da abstinência, do diagnóstico etc. Do que se trata efetivamente a clínica do psicólogo em relação a este fenômeno? Já que diferentemente do psiquiatra, ele não prescreve substâncias? Aí, eu me pergunto e pergunto a vocês: no dia do psicólogo, no contexto de formação e construção de subjetividade destes profissionais, houve alguma reflexão sobre a sua prática? Sofrimento psíquico, subjetividade, intersubjetividade, o significado do consumo, o contexto do uso de drogas e o sentido que ele tem na cultura atual, o simbólico, o afetivo, as vivências, enfim, os mais diversos e ricos temas PSICOLÓGICOS que perpassam a RELAÇÃO DESTRUTIVA de uma PESSOA com a substância, apareceram como coadjuvantes, ou quase desapareceram neste cenário. Que fique bem claro, que esta não é uma crítica ao profissional convidado e nem o conteúdo da sua explanação, pois esta foi muito boa e, de fato, com um recorte coerente com a prática dele. A minha questão é com os futuros profissionais em psicologia que fizeram esta escolha. Penso que não se deram conta do que podem estar dizendo sobre a construção da sua identidade profissional. Reconhecer e validar o seu saber, o diferencial e a importância da sua prática é parte fundamental da construção do SER psicólogo que, como eu costumo dizer, vai muito além da aquisição de técnicas e de um conhecimento intelectual. Para continuarmos ampliando o nosso espaço de atuação na nossa sociedade, é extremamente relevante nos apropriamos do nosso lugar e conhecermos a nossa singularidade em relação as outras profissões. Isto não implica em nos considerarmos melhores ou piores que qualquer outro profissional, mas delimitarmos a nossa especificidade com consistência teórica que precisa ser compreendida e debatida sempre. No dia do psicólogo o tempo dedicado a PSICOLOGIA foi: cinco minutos em uma oração trazida pela coordenadora do curso para abrir o evento. Eu protesto!
Priscila Lima

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A morte das pessoas

Quando nascemos, temos certeza de que um dia morreremos.
É decididamente dificílimo lidarmos com o imutável.
Passamos a vida pensando ...como vamos morrer.
Levamos uma vida inteira nos debatendo sobre as incertezas do fim.
O fim é algo indecifrável...
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?...
Levamos nossos dias tentando responder infinitas perguntas sobre o viver...
Tentando achar meios de viver; de viver o que não é real; de tornar real o que sonhamos; de sonhar o que podemos...

Hoje entendo que, de fato, o que mais dói é a morte do Outro.
É o Outro que nos faz vivos.
É no Outro que nos encontramos.
É no Outro que nos perdemos.
É pelo Outro que buscamos.
É na morte do Outro que morremos.

Quando se morre, simplesmente... acaba. Não há mais sofrimento. Não há mais o que lutar. Não há mais o que sentir. Não há mais o que sofrer. Não há mais o que viver.
Quando morremos, fechamos nossos olhos para essa existência. Saímos desse tempo que “pesa”.
Deixamos para os Outros o sofrimento.
Um dos legados da vida.

Quando o "tu" morre, leva uma parte de nós. Nos sepulta em vida. Continuamos a morrer.
Quando o Outro morre, morremos junto. Nós morremos também. O "eu" morre.
Não existe o eu, sem o tu.
Mas existem muitos “tus”...
Mas existem muitos “eus”...
Por isso continuamos a viver.
A morte não desobedece à vida.
A morte foi criada pelos "nós"...
E contraditoriamente cria nós.
Desenlace ou enlace?
Separação ou encontro?
Como lidar com a dor da perda do Outro, quando sabemos que quem está morrendo somos "nós".
Tenho a impressão que nascemos a cada dia. Pois a cada dia morremos.

Melissa Coutinho

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Dor cônica - Dor da Alma no corpo

A cada dia cresce o numero de pessoas com Dor crônica.
São pessoas que sofrem de dores de diversas ordens, persistentes, constantes e intensas. Dores que podem ser acarretadas por LER/DORT, processo cirúrgico, acidente, ou por alguma outra forma de transtorno que gere efeito no corpo.
São dores que não respondem aos tratamentos tradicionais, e por isso demandam um acompanhamento feito por uma equipe multidisciplinar. Esse serviço esta sendo prestado pela equipe de Dor do Centro Promédica Barris.

É comum a pessoa que sofre de Dor crônica, sentir que esse processo se apresenta como "um fardo" irredutível, “difícil demais” para se carregar, algo insuportável de se conviver, que a envolve completamente, que a absorve e reduz sua vida às experiências dolorosas e ao sentimento de impotência perante a situação.
É fundamental olhar esse problema de maneira mais ampla, dando a perspectiva da complexidade, devolvendo o sintoma ao espaço simbólico a que ele pertence, ou seja, entender o papel desse(s) sintoma(s) na vida do indivíduo.

Uma das possíveis linhas de tratamento psicoterápico consiste em entender o contexto no qual ele surgiu; o que acarretou de mudança ao longo do tempo; e o que mudou na rotina atual da pessoa. Dessa forma, descortina-se um mundo subjetivo de padrões de comportamentos, atitudes e posturas psíquicas e afetivas.
O caminho para sair desse ciclo vicioso de dores e desgaste, começa quando se pode compartilhar essas experiências:
Dividir, ser ouvido, se ouvir.
O indivíduo descobre que não está só. É possível então, no processo terapêutico, devagar e cuidadosamente, ir transformando a fragilidade e o cansaço, em força e autoconhecimento. A partir daí, a realidade que se apresenta, com suas limitações físicas e psíquicas envolvidas, pode começar a ser trabalhada, sendo esse o primeiro passo para a mudança. Não se muda o que não se conhece. Novas descobertas acontecem, novas formas de se viver, de estar na vida, de se relacionar consigo mesmo e com o mundo. Um novo ponto de vista se descortina, um novo lugar de existência se apresenta.
Essa percepção devolve ao indivíduo o poder sobre sua própria vida, pois na medida que a compreensão sobre si mesmo, sobre seu corpo e suas relações vão aumentando gradativamente, o indivíduo vai se estruturando, tendo mais recursos e passando a ter condição de se implicar no seu processo.
Descobrir novas formas de produzir, de compartilhar, de conviver, é tão possível quanto necessário. Se esforçar por uma causa que se faz realidade na medida em que é construída, torna a vida dinâmica e criativa. Faz com que enxerguemos a vida como ela é em sua potencialidade, um leque infinito de possibilidades.

Melissa Coutinho

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Quando se perde um grande amor!


É tão difícil compreender as emoções quando se rompe uma relação. Às vezes, temos certeza que tudo passou e de repente tudo volta. Como definir se o que sentimos é amor ou não é? Se é saudade ou solidão? Tristeza ou decepção? Posse ou desejo? Perda. Quando se perde um grande amor, muitas dúvidas emergem sob o fundo do sofrimento. Para alguns é um momento de intenso crescimento. Muito se pode aprender, uma aprendizagem que nos faz humildes diante da própria fragilidade. Deparamos-nos com o que é a dor, a impotência diante dos sentimentos, a paciência necessária para esperar passar, pois a dor de amor não passa na velocidade da net, do gigas, dos chips, e o tempo que isso leva é indeterminado, é pessoal e singular. Aceitar os altos e baixos, os enganos, os tropeços, as dúvidas, a falta de controle. Aceitar a não certeza, o não acesso ao que o outro sente e pensa, a incoerência do humano, a fraqueza, o medo, a culpa, o erro que não tem concerto, a marca da mentira e o que fazer com tudo isso? O tempo não volta e as coisas não se apagam, por amor que tentamos, mas nada vai permanecer do jeito que está. A incerteza do futuro corrói, o medo do que virá, a ansiedade pelo novo e desconhecido, a prisão do passado, do familiar, que falta faz, será abstinência? Temos sim abstinência do outro a quem amamos e perdemos, somos forçados a esquecer quando ainda, ainda não estávamos preparados. O choro que insiste em voltar, a vida que segue, e o tempo que insiste em passar, a confusão que não consegue chegar ao fim, tempos distintos, tempos diversos, tempo de cada um. Amor perdido, amor doído, amor esquecido, quando? Quando você está preparado para correr o risco de passar por tudo isso de novo e lembrar da abundância de felicidade num coração que ama, e é também amado...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Psicologia e Psiquiatria, coisa de maluco?


Como primeiro texto, pretendemos fazer um breve esclarecimento e suscitar questionamentos a respeito de um tema que consideramos fundamental, a relação entre Psicologia e Psiquiatria.
“Eu não preciso de Psicólogo, isso é coisa para quem não tem o que fazer!” “Psiquiatra é coisa para gente doida!”...
Quem nunca ouviu uma afirmação desse tipo, pelo menos uma vez na vida?
Pois é, lamentavelmente, em pleno século XXI, com tanta informação disponível, ainda há muitas dúvidas a cerca desses profissionais. Como atuam? Em que consiste o tratamento? São algumas das muitas perguntas que cabem nesse contexto.
Em primeiro lugar é necessário diferenciar psicologia de psiquiatria.
A Psicologia vem das Ciências Humanas, surge a partir da Filosofia, e hoje ocupa lugar, às vezes indefinido, sendo em algumas capitais do Brasil, considerada com pertencente à área da saúde. Saúde compreendida não só com um corpo saudável, mas como saúde da pessoa, vista como organismo vivo, em processo, em mudança.
A Psiquiatria pertence ao campo da Medicina, é uma especialidade médica. Interfere no humano via fármacos (remédios), que provocam alterações químicas, e agem nos neurotransmissores, alterando percepções e comportamentos.
A Psicologia se utiliza da relação terapêutica como recurso de tratamento. Produz um espaço onde a pessoa tem a oportunidade de se ouvir, de pensar sobre si, sobre o lhe acontece, de vivenciar sua história em um ambiente seguro e acolhedor. Isso possibilita a implicação no seu processo, se apropriando do seu potencial e responsabilidade pela sua vida, por suas transformações.
De fato, percebe-se que a Psicologia transita entre as Ciências Humanas e da Saúde. Isso configura um dos desafios que permeiam essa área de atuação. Como entender o ser humano: através de seu corpo ou pela sua cultura? Pelos seus sintomas ou pela forma como se estrutura no seu meio?
Atualmente a perspectiva de tratamento caminha para uma integração das diversas dimensões que compõe o ser humano e o seu processo de adoecimento.
Existem muitas correntes teóricas dentro da psicologia: Psicologia Analítica, Gestalt-terapia, Psicanálise, Psicologia Cognitiva, etc., que muitas vezes se utilizam de formas diferentes de tratamento.
Como ser complexo, o humano abarca todas as visões que foram construídas. Para cada sujeito, determinada linha se adéqua melhor, surte mais resultado, alcança melhor efeito.
Para muitos casos é fundamental se trabalhar em parceria, Psicólogo e Psiquiatra, formando uma rede terapêutica onde o centro é a pessoa, e por isso mesmo, sem o seu comprometimento, nada pode acontecer.
Psicologia e Psiquiatria são ciências, entidades abstratas. Aqui mais uma vez o que faz a diferença são as pessoas, o psicólogo e o psiquiatra sujeitos atuantes, que configuram uma relação que pode ser de colaboração ou de disputa de egos.
Em uma época em que a depressão, o estresse, a angústia e a ansiedade, são palavras comuns no nosso cotidiano, é indispensável desmistificar, esclarecer e aproximar essa práticas, permitindo assim, que o ser humano tenha mais conhecimento sobre o mundo que o cerca, e principalmente, sobre si mesmo. Psicologia e Psiquiatria vias diferentes de intervenção, objetivos similares: saúde das pessoas.

domingo, 12 de julho de 2009

Devaneio

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Boas vindas!

Estamos aqui para compartilhar a nossa leitura sobre os diversos temas que perpassam a existência, através das lentes da Psicologia e da nossa vivência enquanto mulheres. Estreamos no teatro do mundo virtual para revelar nosso "ser-no-mundo"...
Sejam bem vindos, participem do nosso palco virtual e entrem nessa dança de possibilidades.

Momento das Artes

Estranha
(Melissa Coutinho)

Eu não te conheço
Não vejo o seu rosto
Não sei o seu cheiro
Ou o seu gosto
Nem mesmo o entorno
Por mais que olhe
Não consigo ver
É sempre um outro rosto que insiste em aparecer
Que tenta me convencer
De que é você
Sem ser
Sinto que...
A cada momento
A mais
Você se desfaz
Quem eu pensava conhecer
Desaparece em pedaços de uma figura
Que não era você
E, à minha frente
Você se refaz
Em alguém que não gosto de ver
Estranha pessoa
Me parece você
E por mais que tente
Ainda não consigo entender

...Projeções...
Certamente elas têm poder
É preciso cuidar
Saber
Para poder prever
Resolver
Com alguém que não é
Quem você pensa saber
No fundo
...sempre
Você


Curador
(Melissa Coutinho)


O curador cura
Ser
Mais que humano
Divinamente humano
Portal
Ponte
No processo de transição entre os mundos
Transmutação
O curador também se cura
Enquanto cura
Duplo processo
Ele guia e é guiado
No processo de auto-conhecimento
Fechando as feridas
Equilíbrio do corpo
Equilíbrio da mente
Equilíbrio na alma
De outros seres
O mesmo Ser
De ambos os seres
Irmãos de jornada
O curador também se machuca
Curador ferido
Por natureza
Humana natureza
Humilde sempre
Com os pés fincados no húmus
Olhos de águia
Força de tigre
E coração leal
Que sempre
Sempre
A cada dia
Lembra do acordo primeiro
De lembrar da fonte infinita
De amor
Que sempre
Sempre
Estará lá
Aqui
Em qualquer lugar
Protegendo
Guiando
E sustentando
A vida