sexta-feira, 18 de maio de 2012

Meio Marisa, Meio Almodóvar

Às vezes o que sou não cabe em mim. Aí, me transbordo ou me paraliso. Quando falamos em metamorfose, fala-se em trocar de pele, pois a pele em que habito já não me comporta. Mudo os cabelos, mudo as roupas, mudo a cor das unhas, me maquio, mas a verdade é que nua diante de mim mesma sempre estou. Não há uma forma só que me contorne, às vezes não há bordo para aquilo que expande. Vem o medo de que forma nova irei me tornar, serei capaz de abandonar o que fui? Vestirei-me de mim mesma para então me decifrar, pois o grande mistério que sou transforma o meu infinito particular em um difícil labirinto. Ao amar, o outro recebe o convite para se perder em mim, e assim seguir ao meu lado, me encontrando na delicadeza daquilo que materializa o indefinido, no toque suave que me faz transbordar das lágrimas para o prazer sublime do deleite do seu corpo dando bordo ao meu...